LUTA ANTIMANICOMIAL – Saúde monta consultório na rua para atender população em vulnerabilidade social

Por Maria Lúcia Fernandes 19/05/2023 - 07:30 hs
Foto: Diretoria de Comunicação

As equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), realizaram nesta quinta-feira (18), ações em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado na data. Em umas das ações do dia, o serviço “Consultório de Rua”, em parceria com os setores de Entomologia e Núcleo de Educação Permanente em Saúde (NEPS) da SMS e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), estiveram reunidos para atender e orientar as pessoas em situação de rua de Três Lagoas e a população em geral, na Lagoa Maior.

O local foi escolhido, pois além de ser um símbolo da cidade, frequentemente apresenta alta concentração de pessoas em vulnerabilidade social.

Na unidade de Saúde que atendeu o público foram oferecidos os serviços: teste rápido de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), consulta médica, vacinação, orientação de saúde bucal, aferição dos sinais vitais, medicação, orientação sobre dengue e um café da manhã para todos.

“Nem todo caso de paciente dependente, usuário de substância psicoativa e casos psiquiátricos ou psicológicos necessitam de internação, pode-se tratar sem hospitalizar, pois é importante manter laços familiares, laços com a comunidade e não isolar o paciente”, explica a médica Fabiana Epifanio, que atua no Consultório de Rua.

TRABALHO CONSULTÓRIO DE RUA

O Consultório de Rua é um serviço oferecido pela SMS, em parceria com o Ministério da Saúde, desde outubro de 2021 e faz o trabalho de busca ativa àqueles pacientes em vulnerabilidade que precisam de atendimento, mas, não procura uma Unidade de Saúde, em média são executados 200 atendimentos mensalmente.

PERFIL POPULAÇÃO DE RUA

Três Lagoas possui, aproximadamente, 220 moradores de rua cadastrados, a maioria são homens, com faixa etária acima de 40 anos de idade. Parte do público é flutuante oriundo de outras cidades, há também os munícipes que foram excluídos dos seus lares ou optaram pela liberdade de viver na rua, pois praticamente todos possuem dependência de múltiplas drogas, sendo o crack a principal delas.

Além das drogas, o principal motivo que culminou a ida para às ruas, segundo alguns dos cidadãos em situação de rua presentes na ação, foi a decepção amorosa ou problemas afetivos.

É o caso da L.R.C, de 46 anos, que veio da cidade de Araçatuba e mora há três anos nas ruas de Três Lagoas. “Depois que meu marido morreu eu vim para nas ruas, sou viciada em drogas, e cada dia durmo em uma local, na realidade eu nem durmo, por medo de alguém fazer algo comigo, tenho medo, por isso eu fico sempre ligada”.

O morador E.R.P, de 39 anos, tem família na cidade, uma irmã, mas optou pelas ruas para ter mais liberdade, depois que sua mulher pediu separação. “Minha família é evangélica, então prefiro ficar na rua, assim eu posso ficar louco (SIC) e não incomodar eles”, disse o morador que também não possui local fixo e citou ter acordado em frente ao Hospital na última noite, após ter usado drogas e não se lembrar de nada.

Após o atendimento e acompanhamento da equipe da SMS e da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMS) quando necessário, acontece a recompensa maior, a reinserção social do paciente, como revela Robson Almeida, assistente social do Consultório de Rua. “É gratificante ver os exemplos exitosos, de pacientes que começam o acompanhamento e depois voltam trabalhar e saem das ruas”, ele cita o caso de um senhor acima de 50 anos de idade, sem família, que morava nas ruas, após o acompanhamento da SMS e SMAS, começou fazer bicos, logo depois recebeu uma proposta de serviço e foi morar em uma fazenda, o paciente continua sendo atendido pela Prefeitura quando retorna para cidade.

LUTA ANTIMANICOMIAL

O Movimento Antimanicomial ou Luta Antimanicomial é um movimento social que luta pelos direitos das pessoas em sofrimento mental e advoga pelo fim da lógica manicomial nos cuidados em saúde. No Brasil, o movimento impulsionou a reforma psiquiátrica que, a partir da realização do II Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental em Bauru-SP, instituiu o dia 18 de maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial e culminou na intervenção na Casa de Saúde Anchieta em Santos.

Por Diretoria de Comunicação